terça-feira, 5 de junho de 2012

Autor do mês de Junho: Sandra Carvalho


Quem sou eu? – Sandra Carvalho
(Sesimbra -1972)
(Autobiografia própria)

Bem vindos ao meu sonho!

Nasci a 29 de Junho de 1972, em Sesimbra, numa rua antiga virada para o mar.
Sou uma sonhadora. Vivo com a cabeça nas nuvens… mas os pés estão bem assentes na terra. Sou fruto de um pescador e de uma contadora de histórias, e tive a sorte de crescer entre a praia de Sesimbra e a Serra da Arrábida. A minha cabeça estava sempre enterrada em livros. Devorava-os com sofreguidão. Comecei a escrever por volta dos onze anos, só para a família e os amigos. Por prazer. Por paixão. Por necessidade também…
Para mim, a escrita é tão essencial como a comida e o sono. No entanto, nunca tive a ambição assumida de publicar. Até costumo dizer que esse era o sonho que eu não me atrevia a sonhar. Das dezenas de histórias que fui imaginando e construindo ao longo dos anos, a Saga das Pedras Mágicas foi aquela que acabou por me prender de corpo e alma. Cresci dividida entre o mundo real e os incontáveis universos criados pela minha mente, sem nunca reunir coragem para revelá-los... Quando o meu marido terminou de ler o manuscrito que deu origem aos livros “A Última Feiticeira” e “O Guerreiro Lobo” começou a pressionar-me para que o enviasse para uma editora. Recusei-me a fazê-lo. Achava que o mundo podia acabar no dia em que um profissional se pronunciasse sobre o meu trabalho. Pelo menos, o meu mundo! Após dois anos a bater-se contra a minha teimosia, o meu marido enfiou o manuscrito num envelope e entregou-o ao juízo da Editorial Presença. E foi assim, desta maneira improvável e um pouco louca, que esta aventura fantástica começou e foi possível dá-la a conhecer a todos os que comigo quiserem sonhar.
Esta aventura que estou a viver, e que desejo partilhar convosco, é a prova de que os sonhos se tornam realidade. Espero que a vossa satisfação ao ler as minhas palavras seja tão plena como a que eu sinto ao escrevê-las.

Sobre mim

Estilo e Ritmo de Escrita:
Escrevo com o coração. Esqueço tudo o que me rodeia. Saio da minha pele, piso os cenários e visto a pele das personagens. Isso torna-as complexas, humanas, reais… É cansativo, mas divertido. E extremamente compensador porque, assim como dou por mim a rir, a chorar, a indignar-me e a maravilhar-me quando mergulho no universo da Saga, também o leitor sente essas emoções ao entrar na história. Dedico-me à escrita sempre que posso. Não me falta inspiração… Falta-me tempo para lhe dar vida! Mas sem angústias. Um passo de cada vez.

Influências:
Nós somos o produto das experiências que já vivemos e dos conhecimentos que assimilámos nesse percurso. No fim, tudo o que eu vi, ouvi, li, sonhei e senti ao longo da vida acaba por me definir como pessoa e manifestar-se, quer seja de forma explícita ou velada, no mundo que estou a criar. Sempre que me perguntam qual a minha autora preferida, respondo: Marion Zimmer Bradley. Porquê? Tinha treze anos quando li as Brumas de Avalon pela primeira vez e fiquei fascinada pelo modo como a autora dava voz às personagens femininas, num universo dominado por heróis masculinos. Tentei fazer o mesmo com a Saga. Gosto de pensar que consegui.

O livro que mais gostou de escrever e porquê:
A Saga das Pedras Mágicas é uma única história, contada por três gerações de mulheres ao longo de sete livros. É impossível dizer qual deles me deu maior satisfação a compor ou indicar um favorito, pois todos fazem parte de mim. Esta aventura cresceu comigo e acompanha-me a cada passo. Apenas costumo destacar os dois primeiros volumes porque resultaram daquilo que, a gracejar, chamo a “idade da inocência”. Escrevi-os sem quaisquer pretensões… Jamais me passou pela cabeça que, um dia, haveriam de chegar às mãos de alguém que eu não conhecia. Isso torna-os especiais, pois são os responsáveis pela realização do meu sonho.

O que nos espera no futuro:
Tenho projetos guardados que só precisam de um pouco de reflexão. Aventuras extraordinárias. Histórias de amor e amizade. O Fantástico concede-me liberdade criativa para explorar outros géneros literários que também me encantam. As possibilidades são inesgotáveis! Além disso, recebo muitos pedidos de leitores para, no futuro, regressar às histórias secundárias que enriquecem a Saga e explorá-las em profundidade. Eventualmente, acabarei por fazê-lo, pois, apesar de algumas personagens terem seguido rumos que as distanciaram da intriga das pedras mágicas, continuam a clamar pela minha atenção. Enquanto os meus leitores me apoiarem e acarinharem, não me faltarão forças para escrever.

Dicas e Conselhos a jovens que querem ser escritores:
Leiam não só aquilo que à primeira vista vos atrai, mas um pouco de todos os géneros, para expandirem horizontes e aguçarem o espírito crítico. Devorem conhecimento dentro das mais variadíssimas áreas, porque é verdade que este não ocupa espaço. Pesquisem sobre as matérias que vos interessam e amadureçam as ideias antes de queimarem as pestanas em frente do computador. Questionem ao escrever: o que é que eu posso fazer para melhorar o meu trabalho? E, principalmente, descubram se a vossa escolha é um ato de paixão. Porque só uma grande paixão compensa todos os sacrifícios pessoais, sociais e profissionais que a escrita impõe! Por fim, estendam as asas, deem o derradeiro passo e lancem-se a voar. A experiência ensinou-me que as críticas não nos matam. Pelo contrário, ajudam-nos a crescer; tornam-nos mais fortes, mais batalhadores. Não há que ter medo de arriscar, de lutar pelos nossos sonhos… Retirem satisfação da vida, quer seja a escrever ou a fazer outra coisa qualquer. Nada mais importa, além da felicidade.
(Excerto de uma entrevista presente em https://www.presenca.pt)


Obra
Sandra Carvalho é uma jovem escritora que tem vindo a afirmar-se como uma criadora incontornável da high fantasy em língua portuguesa. A sua Saga das Pedras Mágicas, que a Presença tem vindo a publicar, desperta um interesse crescente e entusiástico entre os apreciadores do género, que aguardam sempre com enorme expectativa o volume seguinte.
Até ao momento saíram já, em ritmo imparável, A Última Feiticeira, O Guerreiro Lobo, Lágrimas do Sol e da Lua, O Círculo do Medo e Os Três Reinos, A Sacerdotisa dos Penhascos e O Filho do Dragão, o último livro da Saga.
De assinalar que o nosso Agrupamento já recebeu a Sandra Carvalho no âmbito de uma Feira do Livro, no ano de 2008.

A Última Feiticeira
Sinopse: A ação decorre num tempo em que os sábios Druidas se recolhiam nas florestas para perpetuarem o Conhecimento que em eras passadas lhes fora transmitido pelos Seres Mágicos. O berço da heroína desta história, Catelyn, e dos seus cinco irmãos varões, situa-se na Grande Ilha, cada vez mais fustigada pelos ataques dos Viquingues. Os senhores locais formaram uma Aliança para os repelirem, consolidando essa política através de casamentos combinados entre os herdeiros das grandes famílias. Depois de uma infância feliz, Catelyn cresce num mundo cada vez mais violento, assistindo impotente às manipulações da maldosa Myrna, a protegida do homem com quem o pai de Catelyn destinou casá-la.


O Guerreiro Lobo
 Sinopse: Catelyn é levada com os seus captores para a Terra Antiga. Aí, a jovem feiticeira descobre os fios que entretecem o seu próprio destino com o daqueles que agora a acolhem. Descobre igualmente que aquele viquingue que a salvou de uma morte certa é alguém que ela já tinha vislumbrado em intrigantes visões. Throst, filho de Thorgrim, é agora o seu senhor. Mas os segredos do Universo, guardados no topo da Montanha Sagrada são indiferentes aos desígnios humanos. Catelyn anseia por apoiar as mãos na Pedra do Tempo e encontrar a solução para os enigmas que a atormentam. Quando o sangue derramado no mar clama por vingança, a heroína enfrenta a mais difícil das decisões: regressar à Grande Ilha, para derrotar Gwendalin e salvar o seu povo, ou permanecer na Terra Antiga, livrar o Guerreiro-Lobo da maldição que o condena, e ajudá-lo na sua grande missão?


Lágrimas do Sol e da Lua
Sinopse: No coração da Floresta Sombria, Aesa, rainha do povo vândalo e mestra da Arte Obscura, engendra um plano para se apoderar das sete pedras mágicas da Feiticeira Aranwen. Entretanto, na Ilha dos Sonhos, Catelyn e Throst, o Guerreiro-Lobo, preparam as suas filhas Edwina, Thora e Freya para assumirem os seus próprios destinos. Edwina, a primogénita, aceita tornar-se Guardiã da Lágrima do Sol e aguarda o chamamento da Pedra do Tempo. Do outro lado do mundo, Sigarr, irmão de Aesa, treina Edwin para tentar concretizar a profecia que dita que o filho varão do Rei da Lua e da Rainha do Sol terá o poder de fundir a Arte Obscura e a Arte Luminosa para atingir o conhecimento absoluto. Alcançará ele o seu propósito ou ainda haverá esperança de libertar a Lágrima da Lua?


Círculo do Medo
Sinopse: No último volume Edwina assistiu ao desaparecimento do seu amado Edwin nas águas profundas do oceano. Na sombra, os mestres da Arte Obscura conspiram: não desistem de se assenhorear das Pedras Mágicas da feiticeira Aranwen. Julgando Edwin morto, Edwina, a Rainha do Sol, desposa Ivarr, e todos esperam dela um herdeiro que perpetue a linhagem dos reis vinquingues. Mas será que mistérios ainda ocultos virão alterar o rumo dos acontecimentos? Poderão, como profetizado, as essências do Sol e da Lua fundirem-se numa só, para darem origem a um Conhecimento superior, como o de um deus? Serão os nossos heróis capazes de superar todas as provas que lhes estão reservadas?



Os Três Reinos

Sinopse: Neste quinto volume de A Saga das Pedras Mágicas, as sombras da morte e da guerra alastraram sobre o Norte do Mundo e Thora, a loba prateada, desespera ao saber do destino das suas irmãs. Freya encontra-se prisioneira de Aesa, a rainha feiticeira do povo vândalo, enquanto Edwina, a Guardiã da Lágrima do Sol, foi mortalmente ferida. Será que desta vez nem Edwin, o Guardião da Lágrima da Lua, conseguirá resgatar a sua amada? Do Império, a sul, chegam rumores de que aquele que traz consigo o propósito de lançar sobre a Terra a escuridão eterna já encarnou o Homem. Que esperança restará aos defensores do Bem, quando até as pedras mágicas da feiticeira Aranwen estão agora nas mãos do inimigo? Estará a profecia dos Três Reinos condenada a perder-se nesta luta caótica sem jamais se concretizar?
A Sacerdotisa dos Penhascos 


Sinopse: Os Guardiães das Lágrimas do Sol e da Lua vivem finalmente em plena união. Dos seus amores nasceram Halvard e Kelda, os gémeos sobre quem pairam profecias grandiosas e temíveis. Halvard está nas mãos de Sigarr, o Mestre da Arte Obscura, que espera treiná-lo para ser o Guardião do Conhecimento Absoluto, e usar o imenso poder deste em seu proveito. Kelda, luta por cumprir os desígnios da Pedra do Tempo e salvar a sua própria alma, resgatar Halvard e levar a cabo a missão que herdou da sua avó Catelyn. Este é o sexto volume de uma das séries fantásticas mais acarinhadas pelos leitores portugueses, A Saga das Pedras Mágicas.



O Filho do Dragão

 Sinopse: Após a batalha que reduziu a Ilha dos Sonhos a cinzas, Kelda assume-se como Sacerdotisa dos Penhascos para salvar o seu povo. Contudo, terá de combater Deimos, o rei do Povo do Fogo, e o terrível feiticeiro Sigarr. Na Terra das Montanhas de Areia, centenas de navios de guerra estão prontos para navegar rumo ao Império e à Grande Ilha, enquanto os Seres Superiores se digladiam entre si. Kelda apenas pode contar com a preciosa ajuda da Observadora Íris, a única que tem a coragem de contradizer o Conselho. Conseguirá Kelda manter a essência pura, libertar o irmão da influência de Sigarr e salvar os Viquingues e os Aliados? Ou será obrigada a erguer armas contra aqueles que jurou proteger?






terça-feira, 8 de maio de 2012

Autor do mês de Maio: Natália Correia


Quem sou eu? – Natália Correia
(S. Miguel -1923; Lisboa - 1993)
(Autobiografia inventada)



Autorretrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

        Quando eu morrer quero ser recordada pelo que escrevi. Não sei se foi por ter nascido em Ponta Delgada (Fajã de Baixo), sempre vi Portugal como uma manta de retalhos e a sensação de um íntimo isolamento de alguém que nasceu numa ilha havia de me acompanhar para sempre. Esse isolamento criou em mim um espírito livre que me havia de levar ao confronto ideológico e à defesa dos meus ideais.
Aos onze anos cheguei à capital e estudei no Liceu Filipa de Lencastre. Tempos difíceis que marcariam toda a minha vida: o estado novo estava no auge da sua influência e a censura descaradamente entrava em todos os lugares. Assim, ainda no liceu, envolvi-me em formas de contestação típicas da juventude. Mais ou menos irreverentes, mais ou menos espontâneas. Mais tarde, em 1945, tomei parte ativa nos movimentos de oposição ao regime ditatorial, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969). Entretanto, a leitura e a necessidade de escrever já se tinham entranhado em mim; fui, por isso, condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos bons costumes, em 1966. Comecei por escrever literatura infantil (A Grande Aventura de um Pequeno Herói, 1945) e pelo romance (Anoiteceu no Bairro, 1946), mas foi na poesia que encontrei a expressão mais natural e que sempre me possibilitou a intervenção social que queria ter.
Fundei o bar Botequim, em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta. Era ali que, durante as décadas de 70 e 80, se reunia grande parte da intelectualidade portuguesa. Fui amiga de António Sérgio, David Mourão-Ferreira, Mário Soares, José-Augusto França, Luiz Pacheco, Almada Negreiros, Ary dos Santos. Convivi e recebi em casa homens de letras como Henry Miller, Graham Greene e Eugène Ionesco.
Sentimentalmente destacam-se os meus três casamentos, mas apenas ao último fui verdadeira.
Em 1979 fui eleita como deputada à Assembleia da República pelo Partido Popular Democrático (PPD) e aí desenvolvi intensa atividade em prol da defesa dos direitos humanos e, em particular, dos direitos da mulher, até ao ano de 91.
O sentido da minha vida fez-se FAZENDO.
- Mulher forte, irreverente, contraditória - e de beleza extraordinária. Com intensa versatilidade, dedicou-se a vários géneros literários. Natália Correia sempre se recusou a ser uma figura decorativa, peça que entrava e saía do palco segundo as regras da compostura.
- “Uma mulher imperial”  - Clara Ferreira Alves.







Obra

  • Grandes Aventuras de um Pequeno Herói (romance infantil), 1945 
  • Anoiteceu no Bairro (romance), 1946 ; 2004
  • Rio de Nuvens (poesia), 1947
  • Descobri Que Era Europeia: impressões duma viagem à América (viagens), 1951 ; 2002
  • Sucubina ou a Teoria do Chapéu (teatro) 1952
  • Poemas (poesia), 1955
  • Dimensão Encontrada (poesia), 1957
  • O Progresso de Édipo (poema dramático), 1957
  • Passaporte (poesia), 1958
  • Poesia de Arte e Realismo Poético (ensaio), 1959
  • Comunicação (poema dramático), 1959
  • Cântico do País Emerso (poesia), 1961
  • A Questão Académica de 1907 (ensaio), 1962
  • Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica: dos cancioneiros medievais à atualidade (Antologia), 1965 ; 2000
  • O Homúnculo, tragédia jocosa (teatro), 1965
  • Mátria (Poesia), 1967
  • A Madona (Romance), 1968 ; 2000
  • O Encoberto (Teatro), 1969 ; 1977
  • O Vinho e a Lira (Poesia), 1969
  • Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (Antologia), 1970 ; 1998
  • As Maçãs de Orestes (Poesia), 1970
  • Trovas de D. Dinis, [Trobas d'el Rey D. Denis] (Poesia), 1970
  • A Mosca Iluminada (Poesia), 1972
  • O Surrealismo na Poesia Portuguesa (Antologia), 1973 ; 2002
  • A Mulher, antologia poética (Antologia), 1973
  • O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (Poesia), 1973
  • Uma Estátua para Herodes (Ensaio), 1974
  • Poemas a Rebate, (poemas censurados) (poesia), 1975
  • Epístola aos Iamitas (poesia), 1976
  • Não Percas a Rosa. Diário e algo mais (Diário), 1978 ; 2003
  • O Dilúvio e a Pomba (poesia), 1979
  • Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (teatro), 1981; 1991
  • Antologia de Poesia do Período Barroco (antologia), 1982
  • Notas para uma Introdução às Cantigas de Escárnio e de Maldizer Galego-Portuguesas (ensaio), 1982
  • A Ilha de Sam Nunca: atlantismo e insularidade na poesia de António de Sousa (antologia), 1982
  • A Ilha de Circe (romance), 1983 ; 2001
  • A Pécora, peça escrita em 1967 (teatro), 1983 ; 1990
  • O Armistício (poesia), 1985
  • Onde está o Menino Jesus? (contos), 1987
  • Somos Todos Hispanos (ensaio), 1988 ; 2003
  • Sonetos Românticos (poesia), 1990 ; 1991
  • As Núpcias (romance), 1992
  • O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (poesia completa), 1993 ; 2000
  • Memória da Sombra, versos para esculturas de António Matos (poesia), 1993
  • D. João e Julieta, peça escrita em 1959 (teatro), 1999
  • A Ibericidade na Dramaturgia Portuguesa (ensaio), 2000
  • Breve História da Mulher e outros escritos (antologia de textos de imprensa), 2003
  • A Estrela de Cada Um (antologia de textos de imprensa), 2004

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dia da Mulher - 8 de Março de 2012

Comemoração do Dia da Mulher 2012 - 8 de Março






FRANCISCO MOITA FLORES NA NOSSA SEMANA DA LEITURA

 Agradecemos a presença de Francisco Moita Flores na nossa escola, no dia 9 de Março, no âmbito da Semana da Leitura... Ouvimos atentamente a sua prelecção. 


terça-feira, 13 de março de 2012

Autor do Mês de Março: Francisco Moita Flores

Quem sou eu? – Francisco Moita Flores

(1953...)

(Autobiografia inventada)


        Desde que me recordo de ser gente que gosto de observar tudo o que me rodeia, especialmente de observar a vida e toda a energia que ela tem.
        Venho de uma família pobre de camponeses. Vivíamos num monte, na estrada que vai de Moura para Barrancos e para a Amareleja. Cedo aprendi a gostar de ler e lia por causa das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Trouxe do Alentejo um sentido de liberdade muito grande. A minha escola tinha o maior recreio do mundo. Quando saíamos da aula tínhamos o monte à nossa frente, um ribeiro ao lado, laranjais, caminhos enormes. Esse sentimento de liberdade, que era demorado, que não tinha automóveis, que não tinha medos, ficou-me como uma marca distintiva. Essa fome de liberdade. A minha juventude foi marcada pelos estudos (estudei em Moura até aos quinze anos. Depois, Beja.) e pelo 25 de Abril. Tinha vinte e dois anos e muitos sonhos. Vivia em Lisboa, onde concluí o bacharelato em Biologia, já em 1975. Neste ano tive uma breve, mas intensa, experiência no ensino secundário. Esta promissora carreira foi interrompida para abraçar uma outra, a da polícia e o mundo da investigação. Sempre gostei de investigar, de questionar, de mexer as águas. Entrei, assim para a Polícia Judiciária e pertenci a brigadas de furto qualificado, assalto à mão armada e homicídios, onde permaneci até 1990. Contactei de perto com a criminalidade violenta e vi quanto a vida, às vezes, se aproxima terminalmente da morte. Dediquei-me novamente ao ensino, mas em 92, estava novamente na polícia para proceder a estudos e avaliações do movimento criminal. Era um trabalho mais de assessoria e secretaria, que me proporcionou um conhecimento mais aprofundado do fenómeno policial e da própria criminalidade. Este ambiente, mais calmo, permitiu estudar, mais e sempre. Assim, licenciei-me em História, e doutorei-me pelo Instituto de História e Teoria das Ideias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Depois, fiz Sociologia, especializando-me em Sociologia Urbana, e mais tarde em Criminologia no Instituto de Criminologia da Lausanne e depois na Sorbonne, onde acabei por lecionar.
        Entretanto e simultaneamente, o gosto pela leitura e pelos livros levaram-me, quase num imperativo, numa obrigação, à escrita. Gosto de o fazer com paixão e o que escrevo resulta essencialmente de dois fatores – da vida vivida e da vida dos livros que li e estudei. Por isso, tenho escrito um pouco de tudo: ensaios, crónicas, romances, guiões para filmes. Já agora, participei no programa televisivo Casos de Polícia, programa que teve (penso) o mérito de aproximar a vida dos polícias e da investigação policial da vida do comum das pessoas. Daqui até a vida pública ativa foi um passo. Aceitei o apoio de muitas pessoas que me encorajaram a dar a cara e a contribuir pelo bem comum. Por isso, como independente integrei as listas de candidatos às autarquias. Assim, de um dia para o outro vi-me à frente da cidade de Santarém, trabalho que exerço com espírito e a dedicação que sempre tive em tudo.
        Atualmente e além do trabalho na autarquia de Santarém, dedico-me ao que mais gosto, ao que me dá mais prazer – o fazer dos livros.
Tenho aqui algo que gostaria de dizer: “Às vezes, quando me deparo com pessoas belicosas, sobretudo as mais jovens, não há paciência... porque... a morte cheira mal, sabem? Os cadáveres cheiram mal. O que nos afasta da morte é o caminho que nos pode dar felicidade e permite que a gente se encontre de uma forma amistosa. (…) Aprendi uma coisa decisiva: não podemos perder um minuto da nossa vida, porque tudo é rápido e efémero. Devemos tentar fazer que a vida seja um minuto de construção de coisas que agradem aos outros e a nós também. A nossa relação com quem nos rodeia tem de ser pautada por aquilo que a morte nos tira: o toque com o outro, o corpo. A relação com o corpo. Morrer não é fechar os olhos e parar o coração. Morrer é a ausência do abraço e das palavras. Isso é que é morrer.”


OBRA:

Guiões
Obras literárias
Ensaios

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Concurso Nacional de Leitura

Alunos Apurados:


JOÃO BISCAIA, 11º C
ROSA APARÍCIO, 10º C
ANA RITA PINTO, 12º B


para participarem na 2ª fase do CNL, a ser realizada em local e data a definir pelo Plano Nacional de Leitura.

CARNAVAL 2012 NA BIBLIOTECA ESS


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sessão de divulgação da ação da AMI

No âmbito do projeto aler+ - Ler/Educar para a cidadania, as bibliotecas escolares dinamizaram sessões de esclarecimento/educação para os direitos humanos das quais destacamos a palestra com o Dr. Paulo Pereira, do Centro Porta Amiga de Coimbra, delegação de Coimbra da AMI.