sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Natal é nos pobrezinhos
O alento da sua voz
É das crianças e dos velhinhos
 É afinal de todos nós



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Autor do Mês de Dezembro: Vitorino Nemésio

Quem sou eu – Vitorino Nemésio
(1901 – 1978)
(Autobiografia Inventada)
Quando eu morrer deitem-me nu à cova 
Como uma libra ou uma raiz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.(…)”

         Considero-me açoriano de gema. Açoriano na ligação ao mar, na força das gentes do mar, na energia vital das gentes da Praia da Vitória, nas da ilha terceira que me viram nascer em 1901. Depois das primeiras letras e já no saudoso liceu de Angra do Heroísmo, escrevi os primeiros poemas reunidos no Canto Matinal. Entretanto, viajei para o continente. Terminei o liceu em Coimbra e aí entrei na universidade: primeiro em Direito, depois em Letras, curso que concluí em 31, já em Lisboa. Coimbra e Lisboa, duas cidades que me marcaram. Nelas vi e vivi muito.
Em Coimbra contactei com os movimentos políticos e culturais, as tertúlias, os jornais (Humanidades, Gente Nova…), as revistas (Bizâncio, Seara Nova, Tríptico, precursora da Presença…). Nestes meandros e nas tertúlias académicas fiz amigos como Afonso Duarte, António de Sousa, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões, José Régio e o Paulo Quintela. Em Coimbra conheci e casei com a mulher da minha vida; aí nasceram os meus quatro filhos. Fiz parte da Maçonaria, fui ativista do Centro Académico Republicano e na Associação de Estudantes da Faculdade de Letras.
Em Lisboa, a capital, terminei o curso de letras e fiz o doutoramento. Aí me afirmei como jornalista e como professor universitário. Fixei morada num quarto andar, da Rua Sociedade Farmacêutica, próximo do Marquês de Pombal. Nessa casa, a minha ilha literária, escrevi a maior parte dos meus textos. Entretanto, deixei-me levar pelo bicho do ensino. Fui professor universitário em Montpellier (1935-37), em Bruxelas (1939), na Universidade da Baía (1958), na Universidade Federal do Ceará (1965) e claro nunca me desliguei da Faculdade de Letras de Lisboa (1941-71). Colaborei no movimento da revista Presença e participei no lançamento da Revista de Portugal, que proporcionou um amplo reconhecimento do movimento modernista e de outras correntes de vanguarda, que dinamizava a literatura desses tempos. A partir de 69, fui autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro..., que me popularizou e que continuou a entrar nas casas de Portugal no início dos anos setenta.
Esta foi a minha vida cheia. Apesar das minhas ausências, Coimbra ficou sempre a minha cidade. Aí, no Cemitério de Santo António dos Olivais, cumpriram o meu último desejo. Foi a 21 de Fevereiro de 1978.